O
ingresso no ensino superior no Brasil há algumas décadas era para poucos. Antes
de 1997 os cursos de nível superior eram oferecidos apenas pelas escolas
públicas e confessionais como a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e a
PUC (Pontífice Universidade Católica). Muitos jovens tinham o desejo de cursar
uma faculdade, porém, sabiam que as poucas vagas ofertadas – de acordo com o
número de formandos do ensino médio, antigo segundo grau – eram extremamente
disputadas. Por outro lado via-se um déficit na educação em nível superior no
país. As mudanças ocorridas na legislação para que as universidades e
faculdades privadas pudessem obter lucro desencadeou um processo de investimentos
neste setor antes inexplorado. Surge daí um novo ramo de atividade econômica
que tem atraído investidores dentro e fora do país. Outro fator que colabora
para a disseminação do ensino superior privado é o FIES (Fundo de Financiamento
Estudantil) criado em 1999. O FIES tem como propósito financiar estudantes de
baixa renda no ensino superior em entidades privadas. Atualmente a taxa é de
3,4% ao ano. São financiados de 50% a 100% dos encargos estudantis e o
pagamento das parcelas inicia-se 18 meses após a formatura. Em 2014 houve um
aumento de 47% no número de contratos firmados em relação a 2013 segundo dados
do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Contribuindo para seu
crescimento o setor privado conta também com o Prouni (Programa Universidade
Para Todos)criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005 destina-se a concessão de bolsas
de 25%, 50% e 100% em instituições públicas ou privadas. Uma das bases de
avaliação para a concessão de bolsas pelo Prouni são os resultados do ENEM (Exame Nacional do Ensino
Médio). Entre outros perfis de estudantes aptos a participarem do programa,
estão: “estudante que tenha
cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou em instituições
privadas na condição de bolsista integral”, de acordo com o Artigo 2º da
Lei nº 11.096/2005. As instituições
privadas e seus estudantes aproveitam as oportunidades tanto do Prouni quanto
do FIES. Várias opiniões se formaram sobre o surgimento e crescimento do ensino
superior privado que hoje formam engenheiros, advogados, pedagogos entre outros
profissionais. Fala-se de uma “privatização” do ensino, por outro lado, há quem
defende o setor pela organização administrativa demonstrada. Contudo, cabe
fiscalizar e observar os frutos gerados considerando os benefícios que o setor
traz para a sociedade. O país necessita de desenvolvimento cultural, cientifico
e tecnológico, seja em instituições públicas ou privadas. É preciso compreender
a conjuntura histórica da educação no país antes de criar entraves para a disseminação
do ensino superior tanto público quanto privado e recordar sempre que, o saber é um direito de todos.
Zel Florizel
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