Situado
ao sul dos Estados Unidos o estado do Texas é um dos mais populosos do país. A
partir do século XX deixou de ser apenas uma região agrícola para entrar também
no campo da indústria petrolífera e aeroespacial despontando entre os mais
ricos estados do país. Foi cenário dos filmes de cowboy que proliferaram pelo
mundo na década de 80. É de lá que vem nosso entrevistado John Tracy (55).
Nascido
em Fort Worth, cidade pertencente à região metropolitana de Dallas, John nos
conta que em geral teve uma boa infância, os pais viviam juntos, tinha uma boa
casa e uma vida confortável. Contudo, seu pai por ser um homem de negócios
nunca teve muito tempo para ele o que foi recompensado pela sua mãe. “Minha
mãe tentou sempre dar o melhor dela, eu jogava baseball quando garoto e ela
gastava horas fora de casa arremessando a bola para ajudar em meus treinos,
tenho boas lembranças do tempo que passamos juntos”, comenta.
Foi
através da coleção de discos de sua mãe que John começou a se interessar por
musica. Tinham um daqueles aparelhos que tocava vários discos com função de
rádio também. A coleção de sua mãe contava com os grandes sucessos dos anos 50
e 60. ”Na época, poderia ficar horas escutando e cantando junto com as
musicas daquela coleção”, ressalta.
O
artista conta que em sua adolescência teve vários momentos solitários. “Reconheço
que tinha um bom círculo de amigos, no entanto sempre estive em busca da minha
alma gêmea”, revela. Sendo de personalidade artística desde jovem, John
argumenta que sempre se sentiu como uma peça quadrada em um buraco redondo em
relação à maioria das pessoas. “Nós do tipo artístico somos mais emocionais,
vemos a vida um pouco diferente da maioria das pessoas e estamos sempre em
busca de validação através de nossa arte”, enfatiza.
Seus
dias solitários na adolescência foram o que o conduziram para a música. “Embriagava-me
com a musica popular daqueles idos anos 70, especialmente as canções dos
cantores compositores daquela era”, recorda. Assim que começou a tocar
violão os dias de solidão foram preenchidos. Então, dedicava seu tempo
aprendendo a tocar suas canções favoritas. Nessa época John estava com 16 anos
e sentia-se extremamente inclinado a aprender seu instrumento. “As canções
dos meus ídolos moveram-me e eu queria muito tocar como eles”, revela. O
artista comenta que jamais teve aulas de canto.
No
início John ensaiava por horas e horas, teve um professor que lhe ensinou o
método de tablatura. “Eu não sei partitura, ele me ensinou o básico,
aperfeiçoei meu estilo de tocar por conta própria”, comenta. Passou a
gravar suas musicas favoritas em seu gravador portátil tocando cada canção
várias vezes. “Tocava nota por nota até ficar tão perfeito quanto a gravação
original”, destaca. Inspirado por James Taylor passou a treinar mais o
dedilhado, tocando os baixos soltos com os acordes para dar às suas melodias um
som mais cheio.
Seu
primeiro violão foi comprador por seus pais que também patrocinaram sua
primeira gravação demo. “Eles faziam tanto quanto podiam para me ajudar.
Eles não eram artistas, portanto, não entendia minha natureza artística. Assim,
eles não eram realmente aptos para nutrir aquilo que eu estava alimentando”, revela.
Perguntado
sobre as dificuldades no início de carreira o artista declara que foram várias
como: conseguir dinheiro para gravar suas musicas; arranjar casa de shows para
tocar; construir uma base de fãs; fazer sua musica ser ouvida pelas massas,
entre outras. “A menos que você seja um dos poucos sortudos que encontram o
estrelato, estas são dificuldades diárias que você está continuamente
trabalhando para superar”, salienta.
Seu
professor de violão chamava-se Les Clark, morava na localidade e fora indicado
por seu amigo. “Eu gostava dele porque ele me ensinava as musicas que
estavam tocando nas rádios”, comenta. Através da tablatura John aprendeu
rapidamente o que manteve seu interesse em continuar se aperfeiçoando. No
início seus pais pagavam as aulas e quando iniciou seu caminho pela composição
passou a bancar por si próprio os custos com workshops e conferencias para
desenvolver suas habilidades. Seu primeiro violão foi um Gibson modelo Gospel
que ainda guarda consigo.
John
acrescenta que logo que começou aprender a tocar, não se sentia satisfeito em
apenas tocar musicas de outros artistas e queria aprender a fazer suas próprias
canções. “Eu comecei lendo livros sobre composição musical e usando as
musicas de meus ídolos como exemplo”, revela. Aos vinte anos gravou seu primeiro
trabalho autoral em um esforço para despontar no show business. Fez uma
série de shows em Nashville e teve uma de suas canções publicada por um editor.
Além
da musica, sua outra grande busca era encontrar sua alma gêmea e constituir uma
família. Aos 22 anos conheceu Teri, àquela que se tornaria sua companheira e
apoiadora ao longo de sua jornada. Em razão de seu desejo por constituir uma
família ter sido maior que o desejo pela musica, John passou a trabalhar na
empresa da família e prosseguiu tocando a musica como um hobby. “Contudo,
fiz tudo que se espera de um jovem profissional: cresci na empresa, comprei uma
casa, tive filhos e me estabeleci naquele estilo de vida”, argumenta.
O
artista relata que trabalhar em um negócio de família traz muitas
oportunidades, mas também muito estresse e momentos complicados. Então, aos 45
anos, John desperta para o fato de que não pode mais suprimir sua natureza
artística. “O estresse dos negócios estava alcançando seus limites e as
paixões não cumpridas estavam começando a me consumir”, desabafa. “Eu
acho que a tal ‘crise da meia-idade’ é mais sobre você abrir os olhos e
realmente questionar o que está fazendo com sua vida”, ressalta. Assim, com
o suporte de Teri e seus filhos, em 2006 John deixa o mundo dos negócios para
empreender de uma vez por todas a carreira profissional com intérprete e
compositor. Em maio do mesmo ano o artista lança seu primeiro álbum intitulado “Slow
Down”.
Os
artistas que o inspiram são grandes nomes dos anos 70 como: James Taylor, Jim
Croce, Jackson Browne, Dan Fogelberg, Gordon Lightfoot, Cat Stevens, Don
McLean, John Denvern, entre outros. Na sua jornada musical John tem se
apresentado em diferentes palcos, dos grandes aos pequenos como: teatros, salas
de concerto, jardins botânicos, restaurantes, adegas, festivais, conferencias,
bares, igrejas, etc.
Durante
um ano John se apresentou no dog park e conta que foi muito divertido. Dog
park trata-se de um parque popular da vizinhança com espaço para passeios
com animais de estimação. “Lembro-me que alguém atirou um brinquedo para seu
pet e quase me acertou, todavia, todos se divertiram muito”, relata. Uma de
suas apresentações favoritas foi em uma sala de concerto onde o ambiente
proporcionava maior intimidade com o público. “O contato mais próximo com o
público dá a chance de compartilhar sua arte realmente com alma e coração”, ressalta.
Sobre
a questão financeira John pondera que, ao fazer shows gratuitos, algumas vezes
se torna difícil pagar as contas. Algo também deve ser feito pelo ofício, pois
demanda tempo e energia. Então procura ter apresentações para gerar receita,
atualmente faz uma média de doze shows por mês. Sobretudo, o artista é
apaixonado pelos palcos desde o iniciou. “Não há nada como estar em frente
ao público e compartilhar suas histórias e vida com eles”, revela. O
artista nos conta que adora o processo de fazer musica, entretanto, a conexão
do público no momento das apresentações é o que realmente lhe dá um senso de
preenchimento. “Atualmente, isto é o que me proporciona o melhor dos
prazeres na vida”, enfatiza.
Sua
fonte de inspiração vem dos seus ídolos, aqui já mencionados. “Eu adoro
encontrar minha própria história nas canções deles e como suas letras me ajudam
a encontrar caminhos em tempos turbulentos, e eu desejo fazer o mesmo para
outras pessoas através de minha música”, ressalta. As letras de John falam
de amor e de experiências de vida. Por meio de suas musicas são retradadas as
nuances do cotidiano. O artista comenta que muitos de seus fãs já revelaram que
se descobriram através de seu som, encontrando coragem por saber que não estão
sozinhos em sua jornada e acharam paz e inspiração por meio de seus temas. Sua
primeira canção foi a musica ‘Casey’, escrita em 1981, uma história de amor
sobre uma garota que partiu seu coração.
Seu processo de criação é pouco convencional. “Eu não
sou o tipo que se senta e escreve uma canção todos os dias, tenho que estar inspirado
e ter algo que eu realmente queira contar”, pondera. Suas composições
costumam ser transparentes e introspectivas, compartilhando suas próprias
experiências. John frequentemente começa pela melodia juntando as sonoridades
em seu violão e construindo novos temas melódicos, quando encontra algo que tem
um bom encaixe, passa a pensar em um tema que se ajuste ao contexto. “Trabalho
duro para escrever uma letra que corresponda com cada nota. Para mim, é um
processo meticuloso, mas ao mesmo tempo estimulante. Não há nada como a
sensação de terminar uma música”, enfatiza.
Seu
mais recente trabalho é o álbum ‘Happy Ever After’ e seu álbum de Natal ‘Magical
Memories – A John Tracy Christmas’, mixados e masterizados por Kevin
McNoldy do estúdio Cphonic Mastering. “McNoldy realmente entende a natureza
de minha arte, ele cosegue fazer com que minhas canções ganhem brilho”, ressalta.
John pública suas obras através do selo SoundCafe Records.
Perguntado
sobre as dificuldades na carreira musical o artista nos revela que para os
artistas desconhecidos o problema está na indústria da musica, e acrescenta que
sempre são as mesmas questões como: alcance, base de fãs, finanças e como viver
em tempo integral do negócio da música. Contudo, a modernidade das tecnologias tem
desempenhado importante papel na propagação de trabalhos musicais. “Sabemos
que as mudanças na tecnologia abriram incríveis oportunidades para os artistas,
especialmente os independentes sem gravadora, temos a habilidade de gravar
nossas próprias musicas e tê-las no palco mundial por meio das redes sociais e
a presença online”, considera.
Apesar
das facilidades tecnológicas o artista considera não ser tarefa fácil ganhar a
vida através da arte, aponta que há muita musica na rede e que o processo de
produção musical deve ser contínuo e de qualidade para manter os fãs engajados.
“O que ocorre hoje é que você tem que criar um relacionamento com seus fãs
na web, é um trabalho gratificante, porém, é também um trabalho duro ter devotar
várias horas, todos os dias para manter essa relação acesa”, acrescenta.
O
artista acredita que o fato de as pessoas estarem consumindo musica de forma
diferente nos dias de hoje é também um grande obstáculo para os artistas. “As
pessoas tendem a usar sites de streaming mais do que comprar CDs, e esses sites
pagam muito pouco para os artistas, levando-os a procurar outros meios de serem
gratificados pelo seu trabalho”, salienta. Mesmo com o sucesso que tem
tido, John ainda enfrenta essa luta e diz que isso o obriga a se tornar melhor
em marketing, empreendedorismo e buscar constantemente o topo no jogo, como
músico e como intérprete.
Perguntado
sobre o porquê de trabalhar com musica o artista enfatiza que nasceu com isso,
nasceu para ser criativo. “A musica é o veículo que uso para expressar minha
criatividade, eu sinto em essência que isto é a minha razão de ser”, ressalta.
Para John, musica é sua fonte de vida, quando garoto a musica lhe ajudou a
manter a sanidade através dos dias de solidão, quando aprendeu a tocar e criar
suas obras a musica se tornou uma forma criativa de libertação. “Escrever e
executar minha própria música também tem sido cura e uma maneira de navegar
através das lutas da vida e das alegrias. Além da minha família e da minha fé
no meu Criador, a música significa a definição de quem eu sou”, enfatiza.
Com
parte dos recursos obtidos pela musica, John colabora com organizações de
caridade como: a Donate Life America, instituição que trabalha aumentar
o número de registro de doadores de órgãos nos Estados Unidos; e, a Young
Life, um ministério internacional que trabalha com o objetivo de criar
ações positivas nas vidas das crianças das comunidades. “Meu cronograma não
me permite participar pessoalmente na ação dessas instituições, porém, é uma
benção poder ajudar financeiramente”, comenta.
Sobre
a complexidade do mundo, John acredita que a maior questão em nosso mundo é a
falta de respeito que umas pessoas têm em relação às outras. “Esquecemos-nos
de como tratar uns aos outros com dignidade e cortesia. Acredito que apesar dos
grandes benefícios das redes sociais, na maioria dos casos a popularidade
desses espaços virtuais compõe esse problema”, argumenta. Para o artista, tem
ocorrido o esquecimento de como se relacionar com outras pessoas pessoalmente e
se gasta muito tempo no mundo virtual, mais que no real. O artista acrescenta
que, além disso, há uma série de outras questões como radicalismos e agitações
políticas. Para John, cada pessoa é responsável pelo seu canto do mundo, e
deve-se buscar ser um exemplo positivo e fonte de luz para a própria comunidade
em que se vive. “Se todos nós trabalhássemos em tornar nossas próprias
comunidades melhores lugares para viver, então o efeito seria global”,
enfatiza.
Sobre
suas expectativas em relação ao mundo, o artista comenta que se não fosse sua
fé em Deus tudo seria muito amedrontador e por uma série de fatores que não
cabe enumerar. “Eu acredito fundamentalmente que Deus está no controle e que
ele estará comigo em cada passo do caminho em minha jornada. Quando o futuro é
incerto mantenho minhas esperanças Nele, Ele sempre me acompanha e tenho
percebido Suas mãos trabalhando diversas vezes, é um conforto saber que posso
contar com Ele ainda que o caminho não seja claro”, ressalta. Para saber mais sobre o trabalho de John Tracy acesse: John Tracy Official Website, Fan Page, YouTube Channel, Instagram e Twitter.
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